santoaleixo

sábado, fevereiro 16, 2008

1,9%


A imprensa e o governo de Portugal anunciaram um crescimento económico na ordem dos 1,9% no ano de 2007.
Motivo de regozijo para o governo da actual magistratura; um sem número de declarações por parte das mais variadas entidades e pessoas brotaram aos portugueses; uns aplaudindo e reclamando para si estes números, outros mostraram desconfiança, outros alertaram ainda para as diferentes leituras que estes números poderiam ter…e nós, que relação com estes números podemos ter?
Entre as diversas opiniões que foram sendo conhecidas, a consciencialização que este crescimento não se irá fazer notar, a curto prazo, na economia directa da maioria dos portugueses, ou com muitos gostam de lhe chamar o “Zé Povinho”1, foi unânime.
Estará a crise do “Aperta o cinto” a dar os seus últimos suspiros? Pelas últimas indicações da cena internacional não será, infelizmente, essa a situação.
Senão nos restringirmos somente “às letras gordas” dos nossos meios de comunicação social e procurarmos ler e entender um pouco mais, podemos ficar um pouco intrigados e até um pouco desiludidos com esta notícia.
- Crescemos 1,9 % (o maior crescimento dos últimos 6 anos) mas continuamos muito abaixo da média europeia. A vizinha Espanha tem cerca do dobro do crescimento. Estamos andar para trás andando para a frente.
- Aumenta o crescimento económico…. Aumenta o desemprego… esta equação não apresenta uma proporcionalidade um pouco imponderada?
- Os impostos são dos mais elevados da Europa. Os jovens portugueses, e restante população activa, que queiram investir e inovar encontram logo na sua linha de partida um muro burocrático muitas vezes intransponível ou que obriga às mais arriscadas acrobacias para o transpor. A confusa, complicada, burocrática, e muitas outras adjectivações que aqui poderiam ser colocadas, teia das finanças de Portugal é tudo menos promotora e incentivadora de novos desafios. Todos aqueles programas de novas oportunidades, formações profissionais e mais formações profissionais são numa sua grande maioria, e há que dizê-lo sem qualquer tipo de temor, completamente infrutíferos. Faz-se formação por fazer, ou pior, faz-se formação não para desenvolver competências mas sim simplesmente para receber algum dinheiro ao fim do mês. ( poderia nomear e particularizar alguns casos específicos que em Arouca vêm acontecendo desde alguns anos).

Mas fiquemo-nos por estes 1,9%....que a meu ver tem um valor quando avaliado isoladamente e outro no globalidade europeia.
1 Zé-Povinho: uma expressão que até me apraz até ao momento em que o sufixo inho é usado como termo de enternecimento, no entanto na maioria das vezes este termo é utilizado por todos nós no sentido depreciativo. Estará a auto-estima portuguesa
com o “cinto apertar”???