santoaleixo

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

As escolas....

Saudações,

mais uma sexta feira, mais um final de semana...
O encerramento das escolas do primeiro ciclo, nomeadamente as que parecem estar condenadas a fechar em Arouca, continua na ordem do dia, e a contestação continua a fazer-se notar em todos os meios de comunicação. Irei começar por informar que não tenho uma opinião verdadeiramente formada sobre o assunto; ou melhor, até tenho, mas não uma opinião generalista. A minha visão das coisas parte de uma análise única de cada escola, e não armar a barricada do lado dos que estão contra o seu encerramento e defender essa posição com unhas e dentes, englobando todas as escolas na mesma situação. Antes de dizer não, acho que devemos apelar à razão, e começar por avaliar as condições que serão necessárias para que as crianças não se sintam nem sejam minimamente prujudicadas, quer na sua formação escolar, quer na sua formação pessoal. E faço referência à formação pessoal porque é por aqui que vou inicar a minha argumentação.
Que formação pessoal, que espírito de trabalho de grupo e integrador poderão ter crianças que estudem em escolas com 3, 4 ou até mesmo 5 alunos.
O que quererão dizer com: são a alma da aldeia? 4 crianças são a alma de uma aldeia? e então a "alma" das crianças? Eu quando por essa etapa da minha vida passei (estudeu na escola da Boa VIsta, Santa Eulália), lembro-me dos meus amigos, dos recreios agitados, das zangas e birrices, tinha muitos amigos, e muitos deles continuaram sendo meus colegas de carteira quando fui estudar para o "ciclo", na vila de Arouca, o que me ajudou a ter uma melhor integração numa nova fase da minha vida. É claro que esta avaliação faço-a somente agora à distância de alguns anos; mas é isso que sinto neste momento. A minha escola primária era uma boa escola, tinha as condições para que nela me sentisse bem. E é aqui que estará porventura em meu entender, o cerne desta questão. Será bom ou mau ao alunos sairem das escolas da sua aldeia, para irem estudar para escolas que fiquem a 4, 8,10 ou mais Km de ditância?
Se, e só se, estas escolas apresentarem as condições que considero essenciais e necessárias para suportar uma situação deste nível, esta acção parece-me de todo positiva. Então, não é vantajoso oferecer às crinças mais e melhores condições? Mais e talvez melhores amigos? Mais experiência inter-pessoal.....
As condições a que me refiro englobam num apanhado muito geral e suscinto algumas infra-estruturas e condições tais como:
-transporte gratuito até às novas escolas,
-horários que não obriguem as crianças a se levantarem às 6 da manhã e regressarem a casa às -8 da noite,
-cantinas que forneçam alimentação semi-gratuíta ( utilizei este termo consciente da sua redundância mas penso que explicita o que quero transmitir),
-professores e salas de aulas em número suficiente,
- auxiliares de educação educativa competentes e profissionais,-
-uma atenção especial a estas novas crianças que virão a ser inseridas num novo contexto social, numa fase ainda muito precoce da sua vida,
-segurança escolar, etc.....
E se é claro que algumas das escolas do concelho de Arouca podem oferecer todo este rol de "obrigações" para com as crianças e encarregados de educação, existem outras que me parecem não ter essa capacidade. Terão que ser criadas essas condições, ou então teremos que dizer e assumir que não é uma opção viável.
Não vou aqui exemplificar nenhum caso em específico, pois como disse não conheço a fundo a realidade das escolas primárias de Arouca, mas se estas condições forem criadas, eu não estou do lado da barricada dos que parecem opôr ao fecho das escolas actualmente em actividade. Escolas algumas delas bastante degradadas, onde de Inverno chove e faz frio e de Verão o calor é em demasia, escolas onde as vozes de duas ou três crianças no recreio não cheguam para dar sentido à palavra por si só.....
Façamos então as nossas e a vossas avaliações....nos casos que nos são mais ou menos distantes, e depois discuta-se. Exijam-se condições, e caso estas não forem garantidas, então sim, diremos Não; não ao encerramento e eu serei um dos que estará desse lado da barricada.... mas, se e só se.......
HOje vai ocorrer um dabate em Arouca sobre este tema, não sei se lá irei, mas espero que lá se discutam estas e muitas outras questões.
P.S. a palavra criança é aqui repetida várias vezes , na tentativa de dar o enfâse aqueles que mais têm a ganhar ou a perder com esta situação.